Atividades - Eletiva Curso História, Cultura e Patrimônio:
1- Escreva seu COMENTÁRIO (Resumo) sobre do encontro da Eletiva História, Cultura e Patrimônio com o tema do CARNAVAL.
2- Explique o que é Patrimônio Imaterial:
3- Assista aos vídeos 1 e 2 acima e faça no seu caderno de atividades da eletiva História, Cultura e Patrimônio um relatório descritivo sobre o Frevo, Patrimônio imaterial do Brasil.
4- Na comunidade onde você reside tem carnaval? Como as pessoas brincam o carnaval? já dançou frevo alguma vez na vida? Você já saiu fantasiado de personagem de carnaval?
5- Quais são as principais manifestações do carnaval pernambucano. Escreva o nome e as cidades que mais se destacam e representam a grandeza da nossa cultura popular do carnaval.
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Dia do Frevo, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
O frevo desempenha importante papel nas raízes da música brasileira e é trilha sonora de um dos eventos mais populares do país - o carnaval
Colorido do frevo nas ladeiras do carnaval pernambucano. Foto: Divulgação IPHAN
A riqueza melódica, a criatividade, a originalidade e os passos vibrantes do frevo surgiram nas ruas de Recife e Olinda e ganharam o mundo. O dia 14 de setembro é dedicado a essa dança, que, de tão popular, extrapolou o carnaval de Recife e Olinda, que atraem centenas de milhares de turistas todos os anos, e consolidou fama internacional. Em 2012, o frevo foi reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade.
“A força musical, coreográfica e poética do frevo são um produto cultural mundial e isso reforça ainda mais os traços culturais do turismo no Brasil. Somos o oitavo país do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial, em atrativos culturais. O ritmo pernambucano reafirma essa nossa vocação para o turismo cultural e ajuda a explicar porque a musicalidade brasileira já conquistou o mundo como expressão cultural”, destaca o secretário nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do Ministério do Turismo, Bob Santos.
Um passeio pelo Paço do Frevo, sobrado transformado em museu no Centro Histórico de Recife, leva o visitante a interagir com a história da dança, documentada e registrada na memória coletiva do pernambucano. Nos diversos espaços do casarão, o turista se depara com a influência do frevo na vida social e cultural de Recife e Olinda, na forma de organização e participação popular na festa e no cotidiano das pessoas. A mescla com gêneros diversos, além da inventividade e capacidade de criar dos músicos e compositores, engrandeceram e legitimaram as múltiplas faces da reconhecida melodia. Ainda hoje, o repertório eclético das bandas de música é composto por estilos musicais variados, sob o predomínio de três modalidades: frevo de rua, frevo de bloco e frevo-canção.
O frevo teve origem no carnaval do final do século XIX em um momento de transição e efervescência social, como expressão popular de ocupação dos espaços públicos pelas classes operárias e os escravos libertos. Os passos do frevo surgiram da rivalidade entre as bandas militares e nas lutas de capoeira que foram se configurando, simultaneamente, numa dança frenética, improvisada na rua, liberta e vigorosa. Criada e recriada pelos passistas, a dança de jogo de braços e de pernas é atribuída à ginga dos capoeiristas, que assumiam a defesa de bandas e blocos, ao mesmo tempo em que criavam a coreografia.
PATRIMÔNIO IMATERIAL – O frevo está entre as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que, juntamente com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados pelas comunidades, grupos e, em alguns casos, indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. De acordo com a Unesco, o patrimônio cultural imaterial é transmitido entre as gerações e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, da interação com a natureza e da história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, o que contribui para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
CARIMBÓ - Desde a terça-feira (11) até o próximo dia 16, o Brasil celebra outro patrimônio cultural: o carimbó do Pará. Belém, Marapanim, Alter do Chão (Santarém), São Paulo e Rio de Janeiro estão entre os destinos turísticos que incluíram o carimbó na agenda cultural da semana para fortalecer os mestres e grupos de carimbó. Há alvoradas, cortejos, rodas de carimbó, shows e mostra musical de carimbó programadas em vários municípios paraenses.
Edição: Vanessa Sampaio
Frevo – Patrimônio Cultural brasileiro
O pedido de registro do Frevo como Patrimônio Cultural Imaterial no Livro das Formas de
Expressão - como forma de expressão musical, coreográfica e poética enraizada em Recife
e Olinda - foi encaminhada ao Ministério da Cultura em 20 de fevereiro de 2006 pela
Prefeitura do Recife, por meio da sua Secretaria de Cultura. Com isso, realizou-se um
inventário das referências culturais dessa manifestação artística, coordenado pela
pesquisadora Carmen Lélis com o auxílio da Casa do Carnaval, e supervisionado pela
equipe da Superintendência Regional de Pernambuco e pelo Departamento de Patrimônio
Imaterial – DPI do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.
Após a coleta de informações, iniciou-se, em junho do mesmo ano, a produção do dossiê
que foi entregue em fins de novembro. Em 5 de dezembro foi emitido parecer técnico
favorável por parte da antropóloga do Iphan Elaine Müller. A farta documentação reunida e
encaminhada em diferentes suportes, CDs, vídeos, DVDs, livros, partituras, fotografias,
catálogos e documentos textuais foi reorganizada pela Gerência de Registro do DPI de
modo a permitir um melhor entendimento e facilitar seu transporte última fase de
tramitação do processo.
O Departamento do Patrimônio Imaterial concordou com o parecer afirmativo da
Superintendência Regional. De acordo com o Departamento, estão reunidos no processo
todos os aspectos culturalmente relevantes para a compreensão do frevo pernambucano:
suas origens, transformações e continuidade histórica; suas diferentes modalidades
musicais, instrumentais, rítmicas; seus emblemas e iconografias; seus compositores,
músicos e poetas; suas bandas e orquestras; seus dançarinos, coreógrafos e brincantes; seus
passos, gestos, danças, coreografias; os sentidos atribuídos pelos sujeitos, apreciadores e
estudiosos do frevo às suas diferentes expressões; os conflitos e tensões que também
constituem o frevo, e/ou são constituídos por ele; seus lugares de preparação e ocorrência,
os roteiros dos cortejos e desfiles, as retretas, as ruas e praças de Recife e Olinda; os clubes,
blocos e troças que fazem do Carnaval frevente a expressão mais significativa de sua
identidade cultural.
Segundo o parecer do DPI, o processo fala, canta, dança, toca o frevo, por meio da voz dos
seus produtores, competentemente mobilizados pela equipe da Secretaria de Cultura do
Recife. Também estão reunidos no processo depoimentos, entrevistas e mais de 32 mil
assinaturas de anuência ao pedido de Registro. A Secretaria levantou e identificou acervos
documentais e instituições comprometidas com a preservação do frevo e do seu
conhecimento. De acordo com o documento, a mobilização desses produtores, pessoas e
instituições em torno do frevo de sua continuidade constitui um pré-requisito fundamental
para o sucesso das ações de salvaguarda, tanto das que já se encontram em curso como das
que estão previstas no dossiê para etapas posteriores, decorrentes do Registro a ser
aprovado.
O parecer da Superintendência Regional afirma suas razões favoráveis ao registro: a
riqueza de uma expressão artística ao mesmo tempo popular e erudita; o caráter de
resistência de um ritmo que surgiu das camadas menos favorecidas, que “resistiam” ao
poder das elites, e que hoje resiste aos poderes do mercado, que não o privilegiam; a diversidade cultural condensada no frevo, num processo dinâmico de diálogo entre várias
tradições, e mantendo-se um símbolo “vivo” da identidade cultural e da história de um
povo; os efeitos políticos deste registro, num contexto de cultura de massa” e todas as
demais razões suficientemente apresentadas nos documentos que compõem este processo
administrativo, recomendamos vivamente a inscrição do frevo no Livro de Registro das
Formas de Expressão e seu reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil, conforme
o Decreto n° 3.551, de 4 de agosto de 2000. Outro aspecto é a força do frevo enquanto
símbolo identitário – não de um grupo étnico específico, mas como símbolo de
“pernambucanidade”, e, num sentido mais amplo, de “brasilidade”.
Várias características do frevo foram abordadas tanto no dossiê de candidatura como nos
demais materiais apresentados para compor este processo. Alguns merecem ser destacados,
como a rica história desse bem, que conta um pouco a história da cidade do Recife, sua
configuração urbana mais remota e as relações de classe e étnicas que se travavam neste
lugar. História que não é apenas recifense, mas do Brasil, embora tenha sido aqui que estes
elementos tenham culminado nesta expressão artística tão rica como é o frevo. Conhecer o
frevo é conhecer um pouco mais do Brasil.
De acordo com o dossiê, o registro do frevo no Livro das Formas de Expressão do
Patrimônio Imaterial Brasileiro, além de fazer justiça a um bem cultural de enorme
relevância e considerar o seu valor histórico e artístico, reconhece e legitima as referências
culturais dos grupos sociais até então não contemplados no conjunto dos bens culturais
protegidos ou salvaguardados. Reconhecê-lo é legitimar a história de luta e resistência do
povo brasileiro e pernambucano. Corroborar para preservar e ampliar os canais de
participação, expressão, necessidades e visões de mundo, profundamente internalizadas e
traduzidas numa manifestação tão singular musical e coreograficamente.
O Frevo como Sistema
Formalmente, se diz que frevo é música, e que sua dança é o passo. Mas, segundo um dos
envolvidos no processo de inventário, o frevo pode ser visto como um “sistema” – com
partes distintas e com um todo que extrapola a soma destas partes. É fato que no frevo não
se pode separar a música da dança, e nem se sabe ao certo se foi a dança que se adaptou à
música, se a música se acelerou em função dos movimentos, ou ainda se ambas se
constituíram simultaneamente, conforme o indicado no dossiê de candidatura.
É neste sentido que o bem que se propõe registrar é o frevo em todas as suas dimensões –
música, dança e poesia – e nas três modalidades em que ele se subdivide – frevo-de-rua,
frevo-de-bloco e frevo-canção. O frevo-de-rua, puramente instrumental, tocado e dançado
nas ruas carnavalescas do Recife e de Olinda. Próprio dos clubes e das troças. É
subdividido ainda em outros três tipos: frevo-coqueiro, marcado pela presença de notas
agudas, frevo-ventania, caracterizado por seqüências ininterruptas de semicolcheias tocadas
pelos saxofones, assemelhando-se ao barulho do vento; e o frevo-de-abafo, que ocorre
quando do encontro de duas agremiações durante o carnaval, uma tentando abafar a outra
com um som muito alto, deixando de lado o esmero com a afinação.
O frevo-canção é uma derivação do frevo-de-rua com letra cantada e poucas diferenças
musicais. É próprio dos blocos carnavalescos mistos.
O frevo-de-bloco é o frevo mais lírico, com dança, instrumentos e melodias mais suaves, e
um maior destaque à participação feminina. Não se liga a um tipo de grupo carnavalesco
específico, mas também é cantado no Carnaval. É visto também, por alguns especialistas,
como marcha-de-bloco e não frevo-de-bloco – o que pode também ser apontado no termo
marcha-regresso, usada para designar as músicas cantadas no final do cortejo, de volta à
sede.
A instrumentação do frevo-de-rua é a emblemática do gênero. A formação mais clássica,
inspirada nas bandas marciais, é aquela formada pela presença dos metais: saxofones,
trompetes e trombones; adicionando-se alguns instrumentos eletrônicos, como guitarras e
teclados e baixos elétricos para as formações de estúdio – o que não é possível em
orquestras tocando na rua, em movimento.
O frevo-canção é o que tem maior interface com o mundo do espetáculo profissional e da
indústria fonográfica, tendo assim uma maior presença de instrumentos eletrônicos.
O ritmo é o principal ponto em comum dos três tipos de frevo, e é caracterizado,
principalmente, pelo uso de dois instrumentos, o surdo e a caixa (também o pandeiro é
muito comum). Já com relação à melodia, é importante ressaltar que o frevo se desenvolveu
como música instrumental, principalmente..
As diferenças melódicas entre estes tipos de frevo podem ser vistas como relacionadas com
o ethos viril do frevo-de-rua (associado ao masculino), em contraste com o ethos lírico do
frevo-de-bloco (associado ao feminino). O frevo-canção seria um intermediário entre os
dois modelos, embora mais próximo do frevo-de-rua. Assim, é no frevo-de-rua que
encontramos o caráter melódico mais típico do frevo. As melodias dos outros tipos de frevo
são de fato vocais.
Origem
A origem do frevo é apontada no entrudo, brincadeira portuguesa trazida para o Brasil
colonial, que compreendia gracejos e peças entre amigos, os comes e bebes e o uso de
limas-de-cheiro, que eram jogados por grupos ou individualmente. Nesta brincadeira que
acontecia nos dias que antecedem a Quaresma, a distinção entre os espaços privados – o
lugar das classes mais abastadas – e os públicos – o lugar do povo – era nítida.
Quando os jogos se tornam mais violentos – entrando nos combates urina, frutas podres e
lama – o Governo Imperial começa a proibir os seus excessos. Em 1855, num Congresso
das Sumidades Carnavalescas, decide-se que o carnaval passaria a existir nos moldes
europeus, em “nome da ordem e manutenção dos bons costumes”. Todos os Estados,
menos Pernambuco, aderem ao novo modelo – e aqui começamos a entender o que o frevo
possui de resistência cultural.
Na virada do Século 19 para o Século 20, Recife era o foco de agitação de um Estado que
pregava o nacionalismo, a República e a libertação dos escravos. As classes trabalhadoras começam a se organizar, e esta relação entre as organizações trabalhistas e os clubes,
blocos e troças carnavalescas pode ser percebida ainda hoje nos nomes destas agremiações
– Pás, Abanadores de Olinda, Lenhadores do Recife, Vassourinhas.
Esta é a época também de uma expansão urbana da cidade do Recife, e é neste novo espaço
público, urbanizado, que o frevo encontra o seu lugar e se desenvolve. Um lugar de certa
forma de lutas e de diferenciadas posições políticas.
O caráter de resistência do frevo, que talvez não seja tão evidente num primeiro olhar, dada
a sua absorção por praticamente todas as classes sociais, é outro aspecto bastante enfatizado
no dossiê. A história do frevo está estreitamente relacionada, desde sua origem, com os
“capoeiras”, negros escravos recém-libertos, que trabalhavam no espaço urbano – temidos,
então, como sendo desordeiros, assassinos e vadios. Também nos carnavais a presença dos
capoeiras era expressiva. Acredita-se, e vários autores corroboram com esta idéia, que o
passo tenha surgido com os negros que vinham à frente das bandas militares, percorrendo
as ruas do Recife no final do Século 19.
A utilização dos espaços públicos leva ao entendimento, por parte da equipe de pesquisa,
desses locais como ambientes de trocas, das relações existentes entre o Poder Público e a
população por meio de práticas tanto formais como informais. Percebem-se algumas dessas
práticas como um espaço de resistência, das táticas de sobrevivência dos grupos pobres no
contexto da escravidão urbana.
Se em sua origem o frevo representava, ou condensava as resistências de classe e de raça, a
análise do frevo de hoje não deixa de apontar para uma outra forma de resistência: a de
formas de expressão tradicionais num contexto de culturas de massas e de globalização de
produtos culturais.
A música do frevo tem sua origem na fusão de gêneros diversos, como a polca, a mazurca e
o dobrado, e seu encontro com as bandas de música, militares e civis, muito em voga em
fins do Século 19. Eram estas bandas que animavam os eventos públicos e as festividades,
explorando sua mobilidade e alcance numa época em que não existia a reprodução de
música e as apresentações eram todas ao vivo. Havia muita rivalidade entre as bandas de
música, acirrando-se as disputas em tempos de carnaval. Os capoeiras eram assim
acionados para a defesa de uma ou outra banda, e daí seu papel importante no surgimento
do passo.
A utilização da sombrinha, símbolo inquestionável do frevo, também remonta a esta época
e aos capoeiras. Com a proibição da capoeira e a ação do Estado no sentido de controlar o
carnaval e sua agitação, a sombrinha é uma espécie de arma branca, disfarçada – como o
são, aliás, os símbolos de muitas agremiações carnavalescas, onde um cabo, cacetete em
potencial, é muito recorrente: a pá, o machado (onde o que importa é o cabo, pois a
“lâmina” era confeccionada em papel), o pão (feito de madeira), o abanador, a vassoura etc.
Segundo Paula Valadares, que prestou depoimento aos pesquisadores durante o inventário,
se o samba diverte, o frevo fere; e isto está expresso nos símbolos, na expressão visual, na
música e na dança do frevo
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